quinta-feira, 27 de março de 2008

Na prática, a teoria é outra?

O discurso de q os blogs vão matar a midia tradicional ainda não saiu do panfletário romantismo sessentista. O que dá para notar claramente é que todo jornal ou mídia tradicional que entra na Internet só vê o número de leitores aumentarem e em muitos casos, viram referência. Por exemplo, o portal da Gazeta Mercantil é um dos mais lidos do Brasil, segundo o Alexa, (63º lugar, o primeiro específico de esportes nesse ranking), embora a TV dê traço no Ibope. Globo.com e Abril.com tb estão na lista.

Num artigo publicado no portal do Estadão, o jornalista e doutor em Ciências da Comunicação da USP, Eugenio Bucci, mostra dados do relatório The State of the News Media de 2008 (www.stateofthenewsmedia.org), sobre a imprensa nos Estados Unidos.

"Os dez sites noticiosos de maior audiência, em sua maioria extensões de marcas já consagradas na televisão ou na chamada “imprensa escrita” - como CNN, com 29,1 milhões de visitantes únicos por mês em 2007, ou The New York Times, com 14,7 milhões -, exercem praticamente uma “oligarquia”, nos termos do relatório, dentro da rede. No jornalismo online, a concentração de audiência é ainda maior do que a verificada na mídia convencional. Os dez maiores sites respondem por 29% do total, enquanto os dez maiores jornais impressos representam apenas 19% do mercado."
A mídia tradicional vem perdendo audiência, sim. Mas, isso ocorre no meios tradicionais (jornal e TV principalmente). Por outro lado, seus portais continuam ganhando usuários. Provavelmente, haverá complementariedade do material offline online no futuro.

Para jornais, assim como para a mídia tradicional de uma forma geral, o maior problema é que a perda de faturamento de um não está sendo compensado pelo outro.... o q não é algo incomum, só o Google faz isso bem com o modelo de anúncio barato associado a buscas e a conteúdo alheio.

Parece que temos mais um hype sendo colocado contra a parede. E isso lembra muito o tempo da bolha pontocom. Há quase dez anos, teóricos e entusiastas afirmavam q o mundo seria abalado por uma série de empresas novas, visionárias, um novo jeito de fazer negócio, novos executivos e talz.... E o que se viu? Meia dúzia de cases assim e de resto, lucro brabo foi só com Wal-Mart, Dell (q só mudou o modelo q tinha de venda por telefone para web), empresas aéreas, bancos... tudo empresa decana que foram copiadas por outras iguais.

Parece que qdo as empresas tradicionais se mexem elas são mais competentes para entrar no mundo de negócios da Internet e das tecnologias de comunicação digitais. Pelo menos é o que está sendo provado historicamente. Claro que isso também não apaga as honrosas exceções do tipo Amazon.com, Google, e-Bay e coisas do tipo. Mas, são apenas algumas diante do cenário todo.

É hora de uma pausa para fugir do deslumbramento. Até pq, o Brasil vive um momento de crescimento. Temos 22 milhões de internautas (números do Ibope de março, 2008) para 186 milhões de habitantes. E ainda esse total é gente q se conecta pelo menos uma vez por mês. A fatia de gente atenta a notícias online em tempo real com certeza é ainda menor. Ou seja, há muito o que crescer... e isso é bom para qualquer um dos modelos, tradicional ou não. Vamos ver quem percebe isso e age primeiro.

1 comentários:

Edu disse...

Giba, isso parece um pouco da discussão que tivemos aquele dia no NewsCamp. Esse artigo do Bucci é ótimo e creio também que o estudo mostra bem a realidade da mídia atual. Aqui no Brasil, enquanto não houver massa crítica - aquela que os tradicionais executivos estão habituados a lidar - a web vai continuar recebendo merreca mesmo de patrocínio e sobra de campanhas da mídia tradicional. E não é o caso de ser pessimista não. Tanto quanto você, torço pra que as coisas mudem. Mas também sou realista a ponto de enxergar que poucas coisas mudaram efetivamente. O termo web 2.0, por exemplo, já me dá arrepio só de ouvir!

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