quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Temos 'clima' para o clima

O World Economic Forum acabou com uma certeza. A discussão sobre o aquecimento do planeta pegou de vez no discurso de líderes mundiais. Já são 20% os membros do WEF que diagnosticaram como prioritária a proteção ao environment. No ano passado o mesmo levantamento apontou apenas 9%.
E o Brasil pretende aproveitar esse momento para mudar o destino dessa economia baseada no entreguismo industrial e no primarismo agrário.... sair da condição de celeiro para virar usina.

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Dois dos últimos discursos feitos por membros importantes do governo brasileiro mostram isso. Primeiro foi a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff que citou várias vezes a palavra biodiesel e H-bio no lançamento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), em 22 de janeiro. Alguns dias após, no Fórum Econômico de Davos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a enfatizar a estratégia do País de ser um fornecedor de tecnologia e produtos alternativos ao petróleo. Se os planos derem certo, o Brasil pode sair da condição de celeiro do mundo para se tornar uma potência energética sem perder sua tradição de nação agrícola.

O conjunto de medidas para essa transformação começa pelo PAC; passa pelo (Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel) e a Política de Agroenergia; avança pelo mundo acadêmico e centros de pesquisa ligados à agroindústria; tem forte impulso de empresas públicas e privadas e termina na bomba das centenas de postos que já oferecem o novo combustível.

Mas, nem tudo é euforia nessa estratégia. Essencialmente, as três pilastras que sustentam o PNPB, de ações no âmbito social, ambiental e mercadológico, definem também as barreiras a serem enfrentadas. O programa tem como principais diretrizes: implantar um programa sustentável promovendo inclusão social; garantir preços competitivos, qualidade e suprimento; e produzir o biodiesel a partir de diferentes fontes oleaginosas (como a soja, palma e mamona) e em regiões diversas.

O maior problema do plano é justamente equacionar essas diretrizes. A busca de escala na produção pode aumentar as áreas de plantio.Se a fronteira agrícola brasileira crescer desordenadamente para esse fim, o País certamente será preterido nos negócios com biocombustíveis. Alguns países, como a Alemanha, estão prestes a definir restrições para a compra de combustíveis alternativos que não tenham controle sobre os danos ambientais ou usem mão de obra infantil na sua produção.

A solução para isso, é a já conhecida rotatividade de culturas. A utilização de um período de descanso para o solo minimiza os danos ambientais. Outro plano é evitar a expansão desordenada das lavouras com investimentos na produtividade. Aumentando a colheita e evitando desperdícios, o insumo para o biocombustível estaria garantido. A entrada de investidores internacionais como a Infinity Bio-Energy, que confirmou essa ação, também pode ajudar nesse aspecto.

No lado social, o PNPB prevê o uso da cadeia produtiva do biocombustível para a geração de empregos e o fortalecimento da agricultura familiar. O favorecimento, em forma de algum benefício, para companhias que prezam a sustentabilidade também é tido como um ponto favorável para resolver esse problema.

Outro possível entrave é que todo esse modelo econômico se baseia em commodities que sofrem variações repentinas nos preços. A Malásia, por exemplo, que é o maior produtor do mundo de óleo de palma (conhecida no Brasil como dendê), viu o preço desse produto subir 40% em 2006, enquanto o petróleo ficou mais acessível no mesmo período.

Como se vê, 2007 deve ser marcado pelas discussões sobre a diversificação energética no mundo. Contudo, as barreiras para o plano de transformar o Brasil em uma “nova Arábia” ainda são muitas e bem complicadas de serem dissolvidas.



2 comentários:

Bruno Ferrari disse...

O Biodisel está se tornando a vedete dos camadas estadunidenses (versão reaça de americanos). Outro dia, num site de tecnologia de lá, tinha um cara enaltecendo o etanol e dizendo que o Brasil seria o principal impulsionador do biodisel... sei sei

Anônimo disse...

boa reflexão! Estou acompanhando de maneira pouco entusiasmada esse processo. ;)

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