Lição de inclusão digital
TweetComo dá pra perceber nas datas dos posts... faz tempo q não escrevo nada aqui. Bom, isso tem um motivo especial -- a EXCLUSÃO DIGITAL.
Minha motherboard queimou logo depois de escrever o post aí debaixo. Era uma placa vagagunda com um Athlon 1.6, ou seja, um PC meia-boquíssima, mas, com muito orgulho.
É assim que costumo levar meu dia-a-dia tech. Eu gosto de ver e testar coisas novas.
Mas, comprar... bom, isso é algo diferente.
Curiosamente, no mesmo período, estava fazendo um frila de uma reportagem sobre inclusão digital para o jornal Valor Econônico...
Achei que já tinha coincidências demais aí.
Não estava afins de ficar calculando custos relativos da inclusão digital nessa minha temporária exclusão.Resolvi então conferir pessoalmente os preços de uma loja que me manda costumeiramente spam e tem o presunçoso nome de Inclusão Digital. O nome é pretencioso, mas o atendimento é muito bom. Tentamos de todo jeito fazer a mobo funcionar de novo, mas nada. Até que chegou a hora de decidir desembolsar dindim para aumentar a vida do meu PC. Por cerca de R$ 400 eu ia só conseguir uma máquina meia-boquérrima tb, só que mais moderna.
Pensei em investir em uma realmente nova.... Mas, segurei meu ímpeto consumista.
Já disse: sou assim.... racional demais nessas decisões. Espero, espero e espero... qq coisa q eu ache relevante eu espero... por ex.: o amadurecimento de preço, tecnologia e mercado. Isso me ajuda muito no trabalho de análise que faço. Não fico deslumbrado e fico distante do comportamento consumista que afeta muita gente que escreve sobre tecnologia.....Resolvi então testar o poder da economia liberal no mercado de bens usados ---> apelei pro Sucatão da Informática, uma loja cujo nome não tem nada de presunçoso e já diz tudo.
Gosto de ser sintonizado com as novidades como ninguém... mas, acho essencial ficar perto do consumidor comum. O q eu poderia fazer com R$ 400? Primeira parcela de um notebook bom, um celular com wi-fi só pra mim, um desktop novo?????
Por R$ 380, e depois mais uns descontos na torre, memória DIMM, processador, placa de som e ventilador... adquiri uma boa placa para Pentium 4, com processador e tudo... pronta pra plugar.
Faltava só a memória, que deveria ser DDR.
Voltei à loja Inclusão Digital e comprei a memória, (q deu problema, mas, trocaram depois) e coloquei no novo-velho PC.
Está funcionando às mil maravilhas.....
Mas, o que ficou na minha cabeça foi: como o Sucatão da Informática me salvou da exclusão digital temporária.
É óbvio q eu não acho q a inclusão digital das massas depende unicamente do mercado. Conforme me disseram vários especialistas que conversei, não basta ter a ferramenta... é preciso saber usar. Esse "saber usar" foi muito bem traduzido numa frase do diretor do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos (IPSO), Carlos Seabra:
"Na Internet não basta surfar, é preciso fazer onda"Governo, empresas e ONGs devem cuidar dessa equação máquina+geração de conteúdo.
Mas, eu acho também que há muita gente que tem capacidade de ir atrás da própria inclusão digital e merece ter à disposição esses mecanismos de mercado (crédito barato, usados, lans-houses, etc).
O mecânico que cuida do meu carro, por exemplo, economizou para comprar um notebook e aprimorar os conhecimentos em site e conhecer mais gente em chats. Hoje ele fala malemal oito línguas.
Lá no Sucatão da Informática fiquei sabendo de histórias interessantes de gente que conseguiu ganhar uns trocos a mais e melhorar os trabalhos do filho no colégio com um Pentium 2 e modem para conexão discada. Uma máquina dessas fica entre R$ 200 e R$ 300 com monitor nesse estabelecimento.
Conheço outras histórias de gente que se incluiu na Sociedade em Rede com o crediário das Casas Bahia...
... e assim vai.
O que me parece, após toda essa aventura, é que o termo inclusão digital é muito amplo. Ele ainda adquire formas bem distintas quando surge do mercado e quando vem de iniciativas oficiais.
Enquanto um se preocupa primordialmente em formar consumidores de tecnologia, o outro já vai logo de cara querendo educar e assistir. Mas, os dois podem gerar cidadãos da Nova Economia... ou, simplesmente formarem consumistas burros ou datilógrafos digitais --
tudo depende muito da vontade de cada indivíduo em se livrar do ranço do século 20.
1 comentários:
ai, Giba, ler isso agora só me fez rir. Desculpa, não é da sua exclusão temporária, mas sim por 3 coisas mencionadas, que me remeteram a um trabalho que li hoje cedinho (projeto de TCC). O trabalho falava de inclusão digital, usaram um texto do Seabra, MAS, sequer se deram o trabalho e inclui em CONSUMIDOR BURRO. É uma cara de pau ou não copiar um texto sobre inclusão digital e entregar para um editor que já leu várias coisas sobre o assunto e que conhece o "que não é seu texto"? ah.. Acho que vou montar aquele curso de verão "como copiar e colar de forma inteligente" . Agora eu tô rindo pela coincidência. Capaz de acharem seu texto no google e ... enfim,..
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