sábado, 18 de junho de 2011

Protestos e redes sociais

Nessa semana, enquanto muita gente babava na foto do casal se beijando no quebra-quebra em Vancouver por causa de uma partida de hóquei na qual o time local perdeu vexatoriamente... eu fiquei pensando no Egito... é... lembra aqueles protestos por lá?

Há alguns meses temos visto populações saindo às ruas no Norte da África e Mundo Árabe para protestarem contra governos. Esse povo tinha um motivo comum – afastar seus governantes – e uma boa arma na mão – o poder de engajamento e comunicação das redes sociais.
Opa! Não vou aqui falar que foi o Facebook e o Twitter que fizeram os protestos.

Esse determinismo tecnológico é da pior espécie.

É como se a Xerox dissesse que as fotocopiadoras é que faziam as pessoas saírem em passeatas nos anos 70 e 80...

Ou as fabricantes de mimeógrafos fossem as responsáveis pelos protestos estudantis dos anos 60...

Ou as gráficas se vangloriassem de serem as responsáveis pelo sucesso do catolicismo só pq imprimem imagens de santos em papéis...

Nem o fundador do Facebook acredita nisso.

Esse povo saiu às ruas pq os governos eram ruins e havia pressão econômica. Em todos os países havia corrupção alta, muito alta mesmo. Faltavam empregos e não se achava comida no supermercado. Não estou falando de iogurte ou café com aroma de baunilha... faltava farinha, óleo, arroz, legumes.

Outros países com dificuldades financeiras e governos contestáveis viveram o mesmo em algum momento.
Espanha e
Grécia foram os mais famosos.
Irlanda,
Itália e
Portugal viveram algo pontual também.

Podem esperar. Vai haver mais disso. É só ficar de olho no noticiário. Onde houver governo que perde a legitimidade, falta de comida, desemprego... haverá povo na rua. E, com smartphones na mão.

Muitas fotos tiradas com o Instagr.am, notícias no Twitter, convite para protestos no Facebook, etc.

As redes sociais ajudam na união dos interesses e na comunicação imediata. Mas, não criam protestos. São um meio, lembra? Nem são uma benção tecnológica que libertará o mundo da opressão. Podem, inclusive serem usadas para tal.

Não foi o Facebook ou o Twitter que fizeram algo. Foram a insatisfação e a economia que fizeram todos esses protestos. Até pq quando essas redes foram bloqueadas no Egito, no auge da confusão por lá, os manifestantes usaram fax, ondas curtas e panfletos para se comunicarem.
As redes são boas.

Só que também são neutras.

No quebra-quebra de Vancouver, as redes foram usadas pelos arruaceiros para se vangloriarem de cada viatura policial virada, cada carro incendiado e cada loja invadida e depredada.
Na Internet, o sucesso foi o beijo do casal.

Foi esquecido o uso das redes sociais para promover a patifaria, o vandalismo e o crime. Os supostos especialistas em tecnologia que falavam muito durante os protestos do Egito sumiram.
Esqueceram disso. Não se importaram...

Vai ver que as redes sociais não são tão neutras assim.

... então, vamos protestar.

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