segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Um olho no peixe, outro no Kluster

Há 503 teorias (diárias) e divagações (a cada 2 minutos e em um raio de 1,5 km) sobre as maravilhas da colaboração e como empresas poderiam se beneficiar do crowdsourcing. Só que nenhuma delas fala claramente sobre dinheiro.

Vai ver, é pecado.

Talvez seja. No reino marginal ao neoliberalismo, certamente. E q assim continue para o bem de nossas sanidades. Mas, no mundo q nos acorda toda manhã com jingles no rádio e nos acompanha com anúncios em propaganda indoor de elevadores, o preceito é outro.

Transgressão é não falar em dinheiro. O demônio não são os cifrões.

Isso sempre deixou o papo de colaboração e conteúdo gerado por usuários com uma lacuna, mesmo com previsões otimistas. Como uma pessoa q se dispõe a gastar tempo e ócio para ajudar outra deveria ser retribuída?
Links?
Ok, obrigado, ajude novamente, hein?
Deus lhe pague?

Ben Kaufman, um empreendedor americano queridinho do mundo geekbusiness, parece ter descoberto a solução. Dinheiro. Isso mesmo? O jovem de 21 anos acredita que a grana é a melhor forma de pagamento!!! Ele realmente crê, na contramão de todos, que os colaboradores não são capazes de viver de vento.

Puxa, como ninguém pensou nisso ainda?

Seu mais novo empreendimento, a rede social Kluster, pretende ser uma oficina de idéias. Mas, não há um departamento de P&D esperando entrar o pedido do marketing ou da engenharia de produtos. Quem tem um produto ou idéia para aprimorar coloca lá no site e dá um preço pela colaboração. Dão pitacos os klusterianos que acharem ser um bom negócio. Se o projeto terminar bem e houver lucro, todos dividem conforme anteriormente acordado --- menos 30%, que fica pra Kluster por ter tido essa idéia tão revolucionária. =P

Precisava um rapaz de 21 anos sugerir algo assim? Eu realmente fico perplexo em ver como não se fala em dinheiro quando o assunto é crowdsourcing. Se a conversa é sobre seu primo offline (se é q existe algum tipo de negócio 100% assim hj), o sourcing, sem $$$ não tem papo. Pode até ser que não haja uma transação com dinheiro especificamente, mas haverá um acordo ou parceria que resulte em lucro ou redução de custos para as partes. Por que raios o sourcing é de um jeito e crowdsoursing é de outro? Só um lado deve se beneficiar? Que negócio medieval q fica isso então.

----Mistérios que povoam as cabeças dos 29 consultores de mídias digitais que surgem diariamente nas mesas regadas a cerveja da Vila Madalena e nas filas da Starbucks...

A última grande empresa que não seguiu as recomendações inovadoras do Mr. Kaufman foi a Editora Abril. A dona das revistas Veja, Exame e Pato Donald convidou blogueiros profissionais para promover o novo agregador de conteúdo gerado por usuários, o Abril Blogs. Mas, não falou nada em $$$, conforme escancara esse post do Martelada.

E se falasse?
Poxa, justo a Abril não sabe q isso é só hipercapitalismo? Ah, sabe sim...

2 comentários:

Edu disse...

Giba, quando eu digo que produção de conteúdo colaborativo aqui no Brasil é algo como "trabalhe para mim de graça", nego olha torto, faz cara feia e diz que não é bem assim. E olha que não é só a Abril que acredita na formação de reputação na internet. O negócio de reputação já foi citado até no Newscamp como algo que compensa. E brincadeira.

Anônimo disse...

Ah, isso me fez lembrar de uma outra coisa... vou divagar. Eu trabalhei numa faculdade em que os diretores sugeriam que os professores dessem cursos de extensão pra comunidade SEM GANHAR NADA a mais por isso... Eles cobravam coisa de 15 reais simbólicos do povo que se inscrevia. Era muita sacanagem, né? Mesma coisa que a Abril quis fazer. É um povo muito sem-vergonha. Alguém podia lançar um livro releitura de "Para Ler o Pato Donald", com "Para ler os blogs do Pato Donald".

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