sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Lição de inclusão digital

Como dá pra perceber nas datas dos posts... faz tempo q não escrevo nada aqui. Bom, isso tem um motivo especial -- a EXCLUSÃO DIGITAL.

Minha motherboard queimou logo depois de escrever o post aí debaixo. Era uma placa vagagunda com um Athlon 1.6, ou seja, um PC meia-boquíssima, mas, com muito orgulho.

É assim que costumo levar meu dia-a-dia tech. Eu gosto de ver e testar coisas novas.
Mas, comprar... bom, isso é algo diferente.
Naquela hora, olhando para uma engenhoca tecnológica que não deslanchava, eu me vi diante de uma triste constatação: "Estou excluído digital!!!"... temporário, claro, tinha certeza que resolveria a situação mesmo sem muita grana no bolso.

Curiosamente, no mesmo período, estava fazendo um frila de uma reportagem sobre inclusão digital para o jornal Valor Econônico...
Achei que já tinha coincidências demais aí.
Sem máquina para trabalhar, aproveitei o serviço de uma lan-house por umas horas. Mas, vi que ia ser complicado fazer tudo que tinha de fazer alí -- era um período atípico de trabalho e eu precisava do meu home-office funcionando 100%.
Não estava afins de ficar calculando custos relativos da inclusão digital nessa minha temporária exclusão.
Resolvi então conferir pessoalmente os preços de uma loja que me manda costumeiramente spam e tem o presunçoso nome de Inclusão Digital. O nome é pretencioso, mas o atendimento é muito bom. Tentamos de todo jeito fazer a mobo funcionar de novo, mas nada. Até que chegou a hora de decidir desembolsar dindim para aumentar a vida do meu PC. Por cerca de R$ 400 eu ia só conseguir uma máquina meia-boquérrima tb, só que mais moderna.

Pensei em investir em uma realmente nova.... Mas, segurei meu ímpeto consumista.
Já disse: sou assim.... racional demais nessas decisões. Espero, espero e espero... qq coisa q eu ache relevante eu espero... por ex.: o amadurecimento de preço, tecnologia e mercado. Isso me ajuda muito no trabalho de análise que faço. Não fico deslumbrado e fico distante do comportamento consumista que afeta muita gente que escreve sobre tecnologia.....

Gosto de ser sintonizado com as novidades como ninguém... mas, acho essencial ficar perto do consumidor comum. O q eu poderia fazer com R$ 400? Primeira parcela de um notebook bom, um celular com wi-fi só pra mim, um desktop novo?????
Resolvi então testar o poder da economia liberal no mercado de bens usados ---> apelei pro Sucatão da Informática, uma loja cujo nome não tem nada de presunçoso e já diz tudo.

Por R$ 380, e depois mais uns descontos na torre, memória DIMM, processador, placa de som e ventilador... adquiri uma boa placa para Pentium 4, com processador e tudo... pronta pra plugar.

Faltava só a memória, que deveria ser DDR.

Voltei à loja Inclusão Digital e comprei a memória, (q deu problema, mas, trocaram depois) e coloquei no novo-velho PC.

Está funcionando às mil maravilhas.....

Mas, o que ficou na minha cabeça foi: como o Sucatão da Informática me salvou da exclusão digital temporária.

É óbvio q eu não acho q a inclusão digital das massas depende unicamente do mercado. Conforme me disseram vários especialistas que conversei, não basta ter a ferramenta... é preciso saber usar. Esse "saber usar" foi muito bem traduzido numa frase do diretor do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos (IPSO), Carlos Seabra:
"Na Internet não basta surfar, é preciso fazer onda"
Governo, empresas e ONGs devem cuidar dessa equação máquina+geração de conteúdo.

Mas, eu acho também que há muita gente que tem capacidade de ir atrás da própria inclusão digital e merece ter à disposição esses mecanismos de mercado (crédito barato, usados, lans-houses, etc).

O mecânico que cuida do meu carro, por exemplo, economizou para comprar um notebook e aprimorar os conhecimentos em site e conhecer mais gente em chats. Hoje ele fala malemal oito línguas.

Lá no Sucatão da Informática fiquei sabendo de histórias interessantes de gente que conseguiu ganhar uns trocos a mais e melhorar os trabalhos do filho no colégio com um Pentium 2 e modem para conexão discada. Uma máquina dessas fica entre R$ 200 e R$ 300 com monitor nesse estabelecimento.

Conheço outras histórias de gente que se incluiu na Sociedade em Rede com o crediário das Casas Bahia...
... e assim vai.

O que me parece, após toda essa aventura, é que o termo inclusão digital é muito amplo. Ele ainda adquire formas bem distintas quando surge do mercado e quando vem de iniciativas oficiais.

Enquanto um se preocupa primordialmente em formar consumidores de tecnologia, o outro já vai logo de cara querendo educar e assistir. Mas, os dois podem gerar cidadãos da Nova Economia... ou, simplesmente formarem consumistas burros ou datilógrafos digitais --

tudo depende muito da vontade de cada indivíduo em se livrar do ranço do século 20.

1 comentários:

Anônimo disse...

ai, Giba, ler isso agora só me fez rir. Desculpa, não é da sua exclusão temporária, mas sim por 3 coisas mencionadas, que me remeteram a um trabalho que li hoje cedinho (projeto de TCC). O trabalho falava de inclusão digital, usaram um texto do Seabra, MAS, sequer se deram o trabalho e inclui em CONSUMIDOR BURRO. É uma cara de pau ou não copiar um texto sobre inclusão digital e entregar para um editor que já leu várias coisas sobre o assunto e que conhece o "que não é seu texto"? ah.. Acho que vou montar aquele curso de verão "como copiar e colar de forma inteligente" . Agora eu tô rindo pela coincidência. Capaz de acharem seu texto no google e ... enfim,..

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